sábado, 2 de junho de 2018

Uma fonte inspiradora esquecida.



    Trecho do Rio Paraíba do Sul, em Jacareí


Quem tem não dá valor, mesmo. Falo de um rio tão próximo da gente aqui no Vale do Paraíba. A fundação (cultural) Cassiano Ricardo, de São Jose dos Campos realizou pesquisa musical de violões e violeiros do Vale do Paraíba, região por onde, obviamente, passa o Rio Paraíba do Sul. Vana Allas, jornalista formada pela Universidade de Taubaté (na mesma região), escreveu um livro a respeito que considera um “fotografia musical do Vale do Paraíba” e que mostra a riqueza cultural desse trecho que vai de Guararema, em São Paulo, a Campos do Goitacazes no Rio de Janeiro. Publicado em 2002 pela joseense JAC Editora, é um trabalho que “enriquece a literatura documental regional”, comenta Edmundo de Carvalho presidente da Cassiano Ricardo à época, embora na prática esteja muito longe de esgotar assunto tão enriquecedor e tão pouco explorado.

Talvez por sempre ter sido uma passagem de aventureiros em busca de ouro das Minas Gerais desde o século 16 com as Bandeiras, depois pela ligação das duas mais importantes cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro,  o Vale do Paraíba não desperta interesse contínuo em sua exploração intelectual. A cada momento ou local sempre surge um tema diferenciado que atingiu o ponto máximo com a criação da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). Vana optou na revelação vale-paraibana por meio das letras das músicas que falam dela desde a Paranga, de Elpídio dos Santos, a Renato Teixeira com Morro da Imaculada.

Portanto, fica aí a sugestão para historiadores, musicistas, cantores, compositores e que tais. Não é por falta de motes que poderão se permitir a não falar do vale. Na dificuldade de começar um trabalho não pensem duas vezes: comece pelo velho Paraíba do Sul. Afinal ele está tão pertinho que chega a ser um desperdício poético ignorá-lo. Podem crer nisso. 

Benedito Veloso - Cadeira nº 8
(Cônego Antônio Borges)