domingo, 3 de junho de 2018

Pelo menos em matéria de hino...




Tive um professor de “canto orfeônico”, matéria antes obrigatória no curso ginasial, de 1946 a 1971, ou seja, antes da reforma ideológica da educação brasileira. O nome dele era Marco Antônio – mais apropriado para guerreiro que para professor de canto –, mas quem disse que existe lógica na nomenclatura pessoal ou, muito menos, na carreira brasileira de magistério?

O professor Marco Antônio era bom no que fazia; isso era. Como guerreiro, nos ensinava que podemos fazer da existência uma grande peça musical com todas suas nuances, ou um conjunto de várias músicas de menor duração cada. Aí o Marco Antônio artista  explicava que essas duas forças estão representadas na música pelos dois principais tons: o tom maior e o tom menor.

Ambos estão presentes nas composições musicais. Geralmente o tom maior passa para os nossos ouvidos a sensação de alegria, enquanto os tons menores dão-nos sensação de tristeza, melancolia. Dependendo da ordem com que esses tons entram na música, o todo fica alegre ou triste, ou seja, se o maior vem antes do menor a música é mais para o alegre; se o menor vier primeiro, a música fica triste.

Exemplo prático: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, começa em Sol Maior, que é o tom dessa música, depois entram outros tons, porém valeu a primeira. A música “De Cigarro em Cigarro, de Nora Ney, começa em Lá Menor, música melancólica, triste “dor de cotovelo”. Nunca me esqueci disso e passei até a observar erros primários de composição segundo o tema que se quer desenvolver.

Por exemplo, a música Cisne Branco, hino da Marinha Brasileira. Como hino militar deveria ser alegre para levantar o moral da tropa. Entretanto é composto em tom menor, Sol Menor, portanto triste, melancólico, desanimador até. Já imaginou um marinheiro semanas longe de casa em alto mar, às vezes em missão de alto risco, ouve uma música melancólica? Ao contrário, nosso hino nacional é alegre, “pra cima”, composto, óbvio, em tom maior. Si Maior.

O maior contraste, entretanto, fica por conta de outro hino muito cantado, mas totalmente destituído de poder energizante: O Hino Oficial do Corinthians Paulista, composto em Mi Menor. Preste atenção ao resultado. Já seu maior rival, o Palmeiras, entretanto, leva vantagem com um hino composto em Fa Maior: alegre, dinâmico, revitalizador. É o professor Marco Antônio quem diz, não sou eu.

Pelo menos em matéria de hino...